RBC entrevista TAVITO - Junho/2010












Humildade e Genialidade na MPB

A Funarbe realizou no dia 23/04, mais uma edição do Sexta Show com a presença do cantor e compositor mineiro Luiz Otávio de Melo, o Tavito.  Antes de se apresentar ao público que compareceu na casa da cultura Josephina Bento, Tavito concedeu uma entrevista à equipe da Revista Betim Cultural. Pessoa simples e extremamente simpática, Tavito conduziu a entrevista com um ar de bate papo e destacou a simbologia de suas composições nos clássicos da MPB como ‘Casa no campo’’  e ‘Rua ramalhete’’. Confira agora nossa entrevista com este Ilustre personagem da MPB .
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RBC: Tavito, nós gostaríamos de deixar essa pergunta por último, mas a ansiedade da resposta me obriga a fazer desta, a primeira pergunta de nossa entrevista. Conta pra gente, qual foi a inspiração para compor ‘’Casa no campo’’?
Tavito: Essa canção é fruto de uma parceria entre mim e meu parceiro Zé Rodrix. Estávamos num ônibus, numa viagem de Goiânia a Brasília, e foi nesse percurso que começamos a compor essa canção. O Zé se inspirou no bucolismo da paisagem do Brasil central e em suas próprias circunstâncias de vida, sua mulher estava grávida de sua primeira filha. Ao chegarmos no Hotel, musiquei seu poema. Ela foi apresentada no lendário FIC (Festival Internacional da Canção), que tinha como jurada a grande Elis Regina – que viria a gravá-la posteriormente e torná-la nacionalmente conhecida. 


Você é mineiro e por isso a RBC gostaria de saber o significado que tem pra você cantar para o público mineiro, em especial, hoje, para o público betinense.
É muito prazeroso; minhas apresentações em Minas Gerais carregam uma emoção diferente. Os mineiros são especiais para mim, por estarem aqui, na terra de Minas, as molas-mestras de minha vida. Fico feliz sempre que me apresento em minha terra, essa é minha casa; tanto que morei anos no Rio de Janeiro e sequer peguei o sotaque carioca. Me sinto muito bem aqui.

Como compositor consagrado da MPB, quando está compondo, você pensa na reação das pessoas que irão ouvir suas composições?
Sou livre para compor, nunca fiz uma música baseada em qualquer interesse que não fosse o prazer de compor, sempre compus o que gosto e o que me faz bem. Contudo, a reação das pessoas quando ouvem o que escrevo e canto é o arremate final do processo. Acredito que seja esse o sentimento de todo artista. Mas ressalto, sou livre no que diz respeito as minhas composições.

Sua geração representa a raiz da MPB, como você analisa a relação atual da MPB com as pessoas?
Continua sendo boa. Existe uma fatia de mercado no Brasil que aprecia a MPB e prestigia nossa música com fidelidade. Como cantor e compositor, percebo isso no comportamento da platéia, essa que se deleita e frui com atenção as canções que faço.

E essas novas caras que estão surgindo na MPB. Como você vê toda essa geração passando por essa renovação na identidade de seus personagens?
Sinceramente, vejo com bons olhos. Com algumas exceções, são jovens que procuram ouvir o que temos de melhor na música e a partir daí desenvolvem suas próprias personalidades. É a canção se reciclando na criatividade dos mais novos.

Muita gente tem curiosidade em saber quando grandes músicos, como você, descobriram que iam seguir esse caminho. No seu caso, quando foi?
Foi desde sempre. Desde quando ganhei meu primeiro violão, aos 13 anos de idade, eu soube que queria ser músico. Tinha isso dentro de mim. Cursei um ano na Faculdade de Desenho Industrial e, mais tarde, vim me formar como publicitário, profissão que é o meu “plano B” de vida. Minha vocação e grande paixão, entretanto, é a música, sempre.

Você disse que compõe de maneira livre, e isso é perceptível em suas composições, mas nesse mercado que exige cada vez mais composições que atendam a uma demanda do mercado musical, como você se comporta diante disso?
Pra se compor uma canção, é necessário talento, interesse, um tanto de suor e verdade aplicada. O que interessa as pessoas é a personalidade que conseguimos imprimir em nossa criação. Uma coisa é certa: uma música só é boa quando feita com prazer. “Rua ramalhete” exemplifica bem essa situação, porque é algo que toca um bordão comum a todo ser humano, uma viagem a nossos começos amorosos. Todos, sem exceção, tem sua própria Rua Ramalhete no seu trajeto pessoal de vida.

Você já conhecia Betim? Qual sua expectativa para o show de hoje?
Eu já conhecia Betim, pois morei em Belo Horizonte durante meus primeiros vinte anos de vida; até já namorei por aqui. Gosto da cidade. Minhas expectativas são as melhores possíveis, sei que o público betinense é promessa de boa platéia e por isso acredito que teremos um excelente show essa noite, para mim e para os que vieram me prestigiar.

Tavito, fala pra gente, tem projeto novo por aí?
Tem sim. Estou envolvido em dois projetos pessoais. Trata-se de dois CD’s . O primeiro é um CD de Carreira, o “TUDO” –  estou feliz por estar concluindo sua produção agora. Exigiu-me bastante esforço para concretizá-lo (nota: o show de lançamento ocorreu no dia 13 de maio, no Teatro Alterosa). O outro CD já tem nome, ‘’Canções que canto em silêncio’’ que vai contar com a participação de várias cantoras brasileiras.


Sua mensagem final para o público betinense.
Estou feliz em me apresentar em Betim. Como eu disse, me apresentar em Minas Gerais tem um sabor especial e hoje não é diferente. Agradeço a todos que vão prestigiar o “Sexta Show”. Hoje será uma grande noite.
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O show foi animado ao som de uma música contagiante e com a cara da MPB no seu estilo mais original.  A RBC agradece à Funarbe e toda a simpatia de Tavito, e deseja o contínuo sucesso para este ícone da MPB e da cultura de nosso país. Quem quiser conhecer mais sobre Tavito, pode acessar:


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Equipe reunida após o autógrafo.