RBC entrevista RENATO TEIXEIRA - Agosto/2010

 A ESSÊNCIA DA MÚSICA CAIPIRA

Uma noite para amantes do sertanejo de raiz. Assim foi a noite de sexta-feira, 28/05, na Praça Milton Campos. A funarbe trouxe para Betim o cantor e compositor Renato Teixeira. Mantendo seu estilo simples de legítimo representante da música caipira, Renato fez um show inesquecível que contou com a abertura da excelente canta Marisa Minas. E a RBC conseguiu uma entrevista exclusiva com Renato que você confere agora em nossa coluna. 



RBC: Apesar de ser um cantor do gênero caipira, você é de Santos, litoral paulista. Como nasceu esse gosto, uma vez que ele não fazia parte do seu cotidiano diário?
RENATO TEIXEIRA: Nasci em Santos sim, minha família e eu somos de lá, mas sempre viajei para Ubatuba, interior paulista, para passar férias na casa dos meus avós e, em Ubatuba, esse contato com a música caipira era mais presente, até mesmo por influência do gosto musical do meu avô, e assim fui crescendo e ouvindo música caipira e muito cedo tomei gosto por ela.

Seu primeiro festival foi o festival da Record, de 67, hoje, depois de várias apresentações, a emoção de subir ao palco continua a mesma ou depois de tanta experiência isso não influencia na sua emoção?
Eu nunca fui daquele estilo de ficar nervoso, ou ansioso antes de subir ao palco, e isso porque eu nunca subo ao palco para me exibir, eu subo ao palco para cantar a minha música e apresentar meu trabalho e, analisando por esse lado, eu não tenho porquê ficar nervoso, serei apenas eu, Renato Teixeira, cantando minhas composições. Naturalidade, isso resume.

Você conheceu vários cantores antes de alcançarem o sucesso, como o Milton Nascimento, por exemplo, você acha que se pode fazer um antes e um depois em relação ao sucesso?
Eu entendo que isso varia muito de cada individuo, afinal tem muito a ver com a cabeça de cada pessoa, alguns encaram isso como realmente é, ou seja, algo normal, outros deixam isso subir à cabeça. Existe sim um antes e depois, mas, pra mim, isso se deve ao fato de ser reconhecido aonde você vai, os costumes mudam em virtude da fama, e o assédio é inevitável, mas pra quem sabe controlar, não passa disso.


Você é de um período riquíssimo da história da música brasileira, o surgimento do tropicalismo. Depois de acompanhar o nascimento de movimentos musicais tão importantes como esse, em sua opinião, hoje a identidade musical do Brasil se encontra acomodada?
Olha, é difícil comparar. Naquela época, os meios de comunicação eram muito limitados por isso existia a maior necessidade de promover manifestações como essas. Hoje, os meios de comunicação ajudam demais novos artistas e é importante ressaltar que sempre vão existir artistas acima da média, quem é bom de verdade faz sucesso independente da época, o que conta é conseguir interpretar canções que vão seduzir as pessoas.

Você é também um grande compositor de jingles publicitários, quando se compõe um jingle, conta mais a vocação como compositor ou atender a expectativa do cliente?
Não é preciso tanta vocação para se compor um jingle, isso porque o tema já está pré definido pelo cliente, então você vai trabalhar em cima daquele tema. É diferente da música que nasce em sua mente, o jingle é basicamente um tema que foi lhe dado e em cima dele constrói-se uma pequena canção para atender à expectativa de um cliente.


Juntamente com seu parceiro Sérgio Mineiro, vocês criaram o Grupo Águia que viria a gravar com Elis Regina a música Romaria. Esse foi um divisor de águas na sua carreira? 
Sem dúvida. Nossa caminhada (Renato e Sérgio Mineiro) em prol da música caipira vinha de longa data, e a partir da gravação com Elis da música Romaria, as pessoas tiveram uma nova visão da nossa música, as pessoas puderam fazer uma releitura da nossa música. Além de mim, um grupo de muitas pessoas difundiu a música caipira no Brasil. Isso não foi da noite para o dia. Para a música caipira ser vista como é hoje, não só eu, mas várias pessoas lutaram por isso.

Qual sua relação com estado de Minas Gerais?
Eu posso dizer que certamente é uma relação muito forte. Primeiro em virtude da grande amizade com meu parceiro de estrada Sérgio Mineiro e segundo que minha formação cultural foi no Vale do Paraíba, tudo isso influenciou muito meus gostos e tendências na carreira. É impossível me imaginar onde estou hoje sem a influência mineira em mim. 


Depois deste excelente bate papo com a equipe da RBC, Renato se apresentou para uma bela platéia que o prestigiou e curtiu uma noite perfeita pra quem gosta de um céu estrelado, “friozinho” ao som de uma viola chorando e músicas inesquecíveis.

Para saber mais sobre Renato Teixeira, acesse: www.renatoteixeira.com.br