ADERBAL GOMES

Presidente da Fundação Artístico-Cultural de Betim (Funarbe)
Por Thiago Paiva

RBC: Qual a sua ligação com a história de Betim e como você vê a cultura em nossa cidade?

Aderbal: Olha, minhas raízes são todas firmadas nessa cidade. Eu nasci e cresci em Betim, meus avós eram daqui, meus pais e eu. Minha mãe morou no bairro Vianópolis, onde eu também moro, e eu cresci com essa cidade, acompanhei as transformações no cenário político e cultural ao longo desses anos que estou aqui. Betim é riquíssima em cultura, possui artistas fenomenais de grande conhecimento e com excelentes trabalhos, Betim é uma cidade de muitos artistas.

RBC: O que a Funarbe vem fazendo na sua gestão em prol do artista betinense?

Aderbal: Desde que assumi a presidência da Funarbe, em 2009, com a prefeita Maria do Carmo, eu e toda minha equipe estamos trabalhando muito para organizar a casa. Chegamos aqui e a Funarbe necessitava de uma melhor infra-estrutura, coisa que hoje temos. Desde móveis a material de trabalho e condições para desenvolvimento de nossos projetos. Enfim, passaram-se dois anos de muito trabalho para fazer da Funarbe uma instituição que cada artista betinense espera, uma organização bem estruturada e pronta para atender o artista de Betim.

RBC: Qual a maior conquista da Funarbe para os artistas de Betim até esse momento em sua gestão?

Aderbal: Olha, sem dúvida alguma foi a conquista dos recursos necessários para a construção do teatro em Betim. É preciso ressaltar que não é uma conquista só minha, só da Funarbe. Essa é uma conquista dos betinenses, dos artistas de Betim. O propósito é ter um espaço que vá além de um teatro, mas um espaço para o artista betinense, seja o artesão, o artista plástico ou o músico. O projeto já aprovado foi orçado em 15 milhões de reais e agora estamos em um processo de licitação para a escolha da empresa que irá executar a obra. Para isso, foi preciso a união da classe artística, a mobilidade da administração do município e incentivo da iniciativa privada. Betim merece um espaço para nossos artistas.

RBC: Quais são os projetos da Funarbe para tornar a cultura mais acessível à população?

Aderbal: É necessário um esforço não só da Funarbe. Nós acreditamos que todos os níveis da sociedade precisam dar à cultura o valor que ela merece, por isso, temos trabalhado muito com o objetivo de informar à iniciativa privada como apoiar mais a cultura. Betim tem uma capacidade de renúncia fiscal de 50 milhões de reais, porém muitos de nossos empresários não sabem disso. Além de nosso esforço diário para dar aos artistas o suporte que esperam da instituição, estamos interessados em trabalhar com informação.




RBC: Em sua opinião, como a cultura transforma a vida das pessoas?

Aderbal: Fazendo com que as pessoas envolvidas em movimentos culturais tenham suas vidas transformadas. Eu vou citar o exemplo da Colômbia, país com altos índices de violência, que depois de investir na cultura, viu esses índices reduzirem consideravelmente, investindo na inclusão cultural das pessoas. Além disso, a cultura ajuda a saúde do planeta através de todos os elementos recicláveis que são produzidos por artistas plásticos.

RBC: Betim tem potencial para se tornar uma cidade de roteiro cultural?

Aderbal: Com toda certeza! Betim já faz parte do circuito cultural Trilha dos Bandeirantes e pode oferecer ainda outras atrações turísticas culturais para a população e visitantes. Para isso, é necessário investimento em infra-estrutura. Temos importantes pontos aqui como a Várzea das Flores, a linha férrea que pode ser mais explorada, o parque ecológico Vale Verde e outros. A verdade é que Betim precisa de mais investimentos para receber pessoas. Precisamos já de um espaço para substituir o parque de exposições. Quando construído, a região o abrigava bem, hoje, está em uma área muito habitada o que prejudica os moradores no momento em que eventos são realizados. Precisamos investir em infra-estrutura.

RBC: Como se dá a parceria da Funarbe com os artistas do município?

Aderbal: Desde que assumi nos preocupamos sempre em trazer o artista para dentro da Funarbe, participando ativamente de nosso dia a dia. Para começar, a nossa equipe foi selecionada com alguns artistas, pessoas do meio musical, de artistas plásticos a praticantes de capoeira. Nossa equipe é muito boa! Decidimos também consultar os artistas na hora de tomar decisões, democratizar o processo dentro da instituição. Prova disso, foram as mudanças adotadas na lei Noemi Gontijo que apóia os projetos dos artistas de Betim, sentamos com eles e acatamos solicitações. Promovemos também o Domingo no Parque para dar mais visibilidade aos artistas e suas obras.

RBC: Você acha que a política tem dado mais valor à cultura nos últimos anos?

Aderbal: Absoluta certeza que sim. Hoje, todo governo encara a cultura como uma importante ferramenta de transformação na sociedade e muito importante também para a economia. O artesanato movimenta 32 milhões de reais por ano. Ou seja, é necessário prestar bastante atenção nas pessoas que estão envolvidas nesse processo. Nos últimos 8 anos, avançamos muito na cultura do Brasil, com os ministros Gil e Juca. Os governos têm investido mais em toda a cadeia produtiva que a cultura movimenta.

RBC: O que é preciso para presidir uma importante instituição cultural como a Funarbe?

Aderbal: Sensibilidade para reconhecer manifestações e obras culturais e ser um bom gestor. Eu trabalhei com Osvaldo Franco em seu segundo mandato, trabalhei com Carlaile em seu primeiro mandato e toda essa bagagem política adquirida ao longo desses anos me ajudou a ter condições de assumir esse cargo. Quando recebi o convite da nossa prefeita para assumir a Funarbe, me senti honrado, pois respeito e admiro muito a classe artística. Assim, concluo que é importante ter sensibilidade cultural e ser um bom gestor.

RBC: O que a população e principalmente os artistas de Betim podem esperar para o tempo que resta até a finalização desse mandato?

Aderbal: Eu não quero sair da Funarbe sem antes finalizar toda a organização da instituição. Quero deixar a casa toda organizada para quem vai chegar, seja quem for, e também, juntamente com minha equipe, criar um cadastro para todos os artistas de Betim. Sabemos que hoje Betim tem por volta de 10.000 artistas e a Funarbe está engajada para organizar e cadastrar todos eles.