MARCOS CIDRAC

Por Thiago Rangel | rangel@betimcultural.com.br

Marcos Pereira da Silva, conhecido como Cidrac, é um dos principais tatuadores do município de Betim. Em seu estúdio, frequentam pessoas de diferentes tribos, religiões e estilos, mas que possuem em comum a mesma paixão: a tatuagem. Desde a adolescência, Marcos já possuía afinidade pelas tattoos, tanto que fez sua primeira aos 15 - uma caveira no braço. Há sete anos trabalhando como tatuador, já fez mais de 1.000 obras, de diversos estilos, cores e formas. Apesar da experiência, Marcos segue estudando para conhecer as recentes técnicas da arte. Saiba mais sobre tatuagens nesta entrevista com Cidrac Tattoo.

RBC - Como você vê a tatuagem em Betim?
Marcos – A tatuagem em Betim está crescendo muito, no início existia grande preconceito, hoje as pessoas estão mais liberais.

RBC - Qual foi a maior dificuldade desde que você decidiu tatuar?
Marcos – Acredito que todo início seja difícil, em qualquer área de atuação. Aprendi como se fazia tatuagem, desenvolvi a maneira correta de se colocar a tinta na pele, mas eu não sabia desenhar. Nesse momento, percebi a necessidade de fazer cursos e recorri à arte, pintura em tela, e estudei técnicas de grafite. Há sete anos estou tatuando e estudando, é algo contínuo, não dá pra parar.

RBC - Você já sofreu algum tipo de preconceito nesse trabalho?
Marcos - Sofri preconceito sim! Quando comecei, as pessoas me perguntavam se eu só trabalhava com tatuagem. Essa pergunta sempre me incomodou. Atuando profissionalmente em meu estúdio também ofereço serviços como piercing e maquiagem definitiva.

RBC - Quais as principais referências quando começou a tatuar?
Marcos – Minha primeira referência foi meu sócio, mas busquei mais. Atualmente existem várias revistas de tatuagem e materiais na internet. Porém, quando comecei, não havia um lugar onde se buscar referências. Era muito por intuição, você fazia uma borboletinha ou uma nuvenzinha com sol e aquilo era o essencial. Hoje, você vê verdadeiras obras de arte.

RBC - Muita gente escolhe as tatuagens baseadas em momentos que estão vivendo, como exemplo: pessoas que tatuam o nome ou o desenho do rosto de suas paixões. Essa é uma boa forma de escolher uma tatuagem?
Marcos – De forma alguma! A tatuagem dura mais do que determinados relacionamentos, mais do que certos modismos que existem por aí. Por outro lado, sempre existirão as fases... Entre elas: o Tribal, a ilha com sol e as três estrelinhas. Agora a moda é escrever nome, e claro, está fadado a dar errado. Um fato curioso é que todos os dias eu faço um nome de alguém e todos os dias eu cubro um nome.

RBC - Tatuagem ainda é moda? Como está a procura atualmente? Houve uma época em que havia mais procura que hoje?
Marcos – Está muito em evidência. Na década de 80, assisti à uma entrevista de um tatuador que causava repercussão, nos anos 90 houve um estouro de tatuados e tatuadores. Não existia uma indústria da tatuagem antigamente. Hoje em dia, todo o material é avaliado pela ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária - e existe uma indústria muito grande que desenvolve esse mercado.

RBC - É comum as pessoas fazerem tatuagens para esconder cicatrizes ou marcas?
Marcos – Cicatriz é mais comum, como também, existem mulheres que utilizam deste recurso para esconder a marca da cesariana, abdominoplastia, queimaduras, estrias, entre outros sinais.

RBC - Quais são as principais regras de higiene e quais as condições que um cliente deve observar em um estúdio para saber se é um bom local para fazer a tatuagem?
Marcos – Primeiro, o estabelecimento precisa ter o alvará da Vigilância Sanitária e cuidar de detalhes como: limpeza do local, uso dos EPI’S, máscaras, luvas, agulha, biqueira, jóias e se o material está sendo desembalado na frente do cliente na hora em que ele vai fazer o procedimento. O material precisa ser embalado com papel grau cirúrgico, que inclusive possui uma marca que comprova que foi esterilizado. É importante dizer que o cliente pode pedir ao tatuador para acompanhar, visualizar e checar esses procedimentos.

RBC - Tatuagem dói? Quais os cuidados pós-tatuagem?
Marcos – Dói. Mas é algo relativo. Existem pessoas que sentem muita dor, outras nem tanto. Já tive clientes que dormiram durante o processo de tatuagem. Os lugares que costumam doer mais são: pés, mãos e costelas. Os outros lugares do corpo são mais tranquilos.

Algumas pessoas acham que dói fazer tatuagem no inverno, o que não acho ser verdade. As tatuagens no inverno ficam muito mais bonitas, pois o ideal é você ficar quatro meses sem tomar sol nenhum, pois a tatuagem sofre alterações. Quando você pega sol, a pele escurece, e quando não existe interferência solar, a tattoo fica muito mais bonita. O inverno é a época ideal para se tatuar, logo, ao chegar o verão a tatuagem estará maravilhosa.

RBC - Tatuagem desbota? Em quanto tempo deve ser feita a manutenção?
Marcos – Sim, com o tempo é comum o desbotamento, alguns pigmentos perdem sua força por influência do sol. Algumas pessoas são tão fanáticas por tatuagens que até evitam sair de dia, cultuando hábitos mais noturnos, entretanto, uma tatuagem bem cuidada pode durar até 15 anos sem precisar de retoques.

RBC - Como funciona o processo de elaboração de um trabalho seu para o cliente?
Marcos – Existem clientes que já tem uma ideia do que querem fazer. O pior é quando o indivíduo chega ao estúdio e quer que você adivinhe o que ele quer, essa é a parte mais difícil, por que cada um pensa de uma forma. Algumas pessoas pedem ajuda na escolha, mas é preciso pesquisar e investir tempo, até chegar à decisão ideal.

RBC - Quais artistas você admira e quais influenciaram o seu trabalho?
Marcos – Admiro o trabalho de Mordente, Cigano e diversos tatuadores de Minas Gerais.

RBC - O que você considera fundamental na formação de um tatuador?
Marcos – Primeiro, o estudo da arte, isso é primordial. Se um tatuador não estuda, não pinta, não conhece arte, ele está fadado ao fracasso! Hoje as pessoas estão mais exigentes. Outro ponto importante é a atenção com o cliente, o relacionamento é fundamental.

RBC - Quais são suas paixões além da tatuagem?
Marcos – Rock 'n' roll

RBC - Qual a trilha sonora de uma boa sessão de tatuagem?
Marcos – Muito Rock! Ouço uma rádio online o dia inteiro.

RBC - Com quem você já se tatuou e existe alguém em específico que você gostaria de tatuar?
Marcos – Já me tatuei com Milton, Tatu, Alexandre, Taioba, Atila, e tantos outros. Gostaria de tatuar todo mundo! (risos)

RBC - Para quem quiser conhecer seu trabalho:
Contatos: Marcos – Cidrac Tattoo
Endereço: Rua Rio de Janeiro, 297, Sala 205 - Betim / MG
Telefone: (31) 3532 – 2059
Email: marcoscidractattoo@hotmail.com
Site: www.myspace.com/cidracattoo
Facebook: http://facebook.com/marcoscidractattoo